segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Memórias de um doble chapa


Há momentos em nossas vidas em que entidades espirituais, aproximando-se a época de assumir novas experiências e compromissos, nos dão aquele estalo de mudar. Comecei a refletir: Eu vou casar com a mulher que amo e morar em um barraco coberto de zinco no meio do campo. Não! Lembrei que um cunhado tinha me convidado para ir para Porto Alegre estudar e trabalhar. Quando pedi demissão meu emprego, o gringo, meu patrão só faltou me pedir de joelhos para que ficasse. Afinal ele teria de escolher muito bem quem iria me substituir, era um serviço de responsabilidade, envolvia pagamento de medições. Mas fui irredutível, e parti. Peguei o ônibus em Livramento para Porto Alegre, não avisei família, namorada, ninguém, pois não iriam me deixar partir, dois dias atrás os militares tinham tomado o poder. Chegando na Capital, vi tanques de guerra nas ruas, ninhos de metralhadora. Minha mana morava no centro e lá aportei sem aviso prévio em sua casa. Que loucura! Fui tirar carteira de trabalho, e descobri que meu certificado de reservista do Exército estava com a cidade de nascimento como Rosário, isto não teria importância, mas não quis deixar errado, afinal envolvia meus brios de ser de LIVRAMENTO, encaminhei os documento na 3ª RM e enquanto aguardava. E demorou! Fui vender discos de eletrola. Imaginem! Vender discos de porta em porta já era difícil, mais difícil ainda foi vender discos de Sinfonias: BEETHOVEN & Cia. Incrível! Vendi e ganhei meus trocos. Creio que as pessoas ante minha cara de cachorrinho que caiu da mudança ficavam compadecidas e compravam. Teve uma senhora que até me deu um lanche, devia estar com a cara de louco de fome. Sentia muita fome mesmo, acostumado a comer com banha suína, e na cidade era usado óleo vegetal para fazer comida, por mais fortes que fossem, meu estomago as tinham como sopinha de hospital. Chegaram os documentos e consegui me empregar na Confeitaria Matheus em frente a Praça da Alfandega, entrava no Curso Duque de Caxias às 18:00 horas (tirando o Ginasial) saia as 22:00 horas, tinha permissão de atrasar-me 0:10 min para entrar no serviço no turno na confeitaria das 22:00 as 08:00.



NA CONFEITARIA (Próximo relato) Se achares este relato fraco espera para publicar o relato das minhas experiencias na confeitaria...
      

                                              Escrito por Nelcy Cordeiro

15 comentários:

  1. De fraco nao tem nada me lembrei das estorias que meu pai contava quando chegou em Porto Alegre vindo de Bagé...

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  2. De fraco nao tem nada me lembrei das estorias que meu pai contava quando chegou em Porto Alegre vindo de Bagé...

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  3. Ja estava com saudades desse seu amigo!!! que bom vou aguardar anciosa o restante do relato que a de ser tão bom quanto os outros. um beijo da Eliane.

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  4. Que historias tan interesantes,querida!
    Muchos besos

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  5. Nunca é fraco um textp que relata as vivências de alguém! Bj amigo e gostei

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  6. Olha menina esses textos me prendem a atenção e a vassoura,pano e rodo vão ficando pelo caminho até que termine a história rsrs beijinhos...

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  7. Vim te ver e dei de cara com tal história
    Parabéns ao escritor pela sensibilidade e contar simples e envolvente
    Adoro histórias
    Vou dar uma lida e passeada aqui no seu jardim
    Bjs

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  8. Hola amiga querida ,, una gran historia ,,su amigo la inspira mucho

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  9. Adoro estes teus posts que nos contam memórias da vida de outrora. São vivências fantásticas!

    Beijinhos.

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  10. Olá Anajá, gosto muito quando publicas as "Memórias de um doble chapa", de Nelcy Cordeiro!
    São histórias de um tempo de verdadeiro heroísmo, agradeço pela partilha.
    Aguardando a próxima, abraços carinhosos
    Maria Teresa

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  11. Oi, querida amiga, "Minha Vida de Campo" !
    Relato de uma realidade, que somente os fortes
    podem vivenciar . Parabéns !
    Um carinhoso abraço.
    Sinval.

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  12. Oi, querida amiga, "Minha Vida de Campo" !
    Relato de uma realidade, que somente os fortes
    podem vivenciar . Parabéns !
    Um carinhoso abraço.
    Sinval.

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  13. Gosto imenso deste tipo de vivências tão enriquecedoras.
    Na minha etapa de vendedor de livros vivi situações parecidas, que boas pessoas!
    Abraços de vida, querida amiga de além mar...

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Obrigada pela carinhosa visita. Tenha um ótimo dia.