sexta-feira, 25 de julho de 2014

Memórias de um doble chapa IV


O RANGO
 Até hoje tenho saudades daquela comidinha da mamy. Era feijão e arroz com guisado de carne na maior parte das vezes, às vezes massa, na época de frutos da lavoura então era enriquecido. Feijão miúdo, moranga, milho verde, aipim. A gente gastava tanta energia nas brincadeiras que na hora das refeições estávamos varados de fome.
Na entrada do inverno carneávamos uma vaca e um porco. Lá estava o Seu Aires ajudando. Tinha uma vantagem carnear na entrada do inverno: A quase ausência de moscas. Fazia-se Charque de toda a carne para conserva-la, Varas de eucaliptos cheias de mantas de charque secando ao sol, após absorverem grande quantidade de sal, era o freezer da época. E varais enormes de taquaras (bambu) de linguiça de carne mista, porco e gado. Contavam que um vizinho colocou uma lata de banha suína a esfriar e esqueceu, seu cão com fome comeu a matade da lata de banha, o que o deixou ansiado do estômago, atiçou o cão nos porcos que haviam furtivamente invadido a sua roça, o cão deitado, mal do estomago, olhou para os porcos e virou a cara para o lado enjoado, não podia nem enxergar porco na sua frente por causa da banha que havia comido.
A comida dos bem pobres era canjica de milho socada no pilão. Minha avó paterna ficou viúva jovem com uma dúzia de filhos, criou-os com milho verde abóbora, batata doce, feijão miúdo. O prato do dia quase que invariável era canjica de milho com graxa bovina e sal, normalmente sem carne. E leite, ninguém era privado deste alimento, em último caso alguém emprestava uma vaca para a sua obtenção. As sobremesas eram doces de batatas, doce de abóbora, de leite, ambrosia. Etc. Também era sobremesa leite com alguma coisa: com batata cozida ou assada, com milho verde cozido, com farinha de mandioca, colava-se de molho no leite e esperavam-se alguns minutos para que ela inchasse, para evitar inchar na barriga. Visita de marmanjo era chimarrão com o velho a sombra do cinamomo, a chaleira preta, volta e meio tinha que retornar ao fogão para requentar a água. Garrafa térmica ainda não existia, quando a inventaram uma senhora viúva. A Rosa do finado Galdino, casando pela segunda vez com meu tio aos 70 anos, ganhou de bodas uma garrafa térmica, não conhecia plástico, e colocou-a em cima do fogão a lenha, ao dar-se por conta só restava a ampola de pé e uma plasta de plástico derretido na base. Visita de mulheres era a charla (prosa) com a mãe e irmãs moças, regada a mate doce na cuia, com bolo, pão caseiro. E o tradicional café da tarde. Um cálice de licor de pitanga, feito em casa é claro. Era costume as visitas deixarem um restinho no cálice, diziam que era de cerimonia. Quando as visitas saiam, nós tomávamos esses restos um por um, um piá do campo dava um olho por algo doce, e aquele licor da mãe era um néctar dos Deuses. Quando a visita vinha passar o dia por certo uma galinha iria sucumbir ao torque do pescoço. Contavam que um sujeito passou mais de trinta dias na casa de um compadre. Todos os dias morria uma galinha para as refeições. Lá pelas tantas o visitante falou que no dia seguinte iria embora, o que causou alivio ao dono da casa que desabafou irritado com aquela visita interminável. Também já comeste todas as minhas galinhas! Sobrou somente o galo. E o cara de pau respondeu. Há! Mas ainda temos o galo? Vou ficar mais um dia!









Na próxima sexta-feira, segue mais recordações de um doble chapa.
                                                                           Escrito por Nelcy Cordeiro


Até a próxima se Deus quiser...

 Anajá Schmitz

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Abrindo o apetite

Olá! Espero que todos estejam bem por ai. Aqui no campo estamos encorrugidos de frio. Nesse tempo ficamos igual a urso hibernando, e comendo muito. Na rua, somente depois das 10 horas da manhã até as 4 horas da tarde. Depois desce um ar gelado que enrijece as juntas. Mas o melhor de tudo é ficar ao redor do fogão a lenha, cozinhando. Na verdade só faço um tipo de prato. Todos aqui em casa, só querem carreteiro. Pra mim é maravilhoso. É fácil de fazer e suja somente uma panela. De tanto fazer virei especialista no carreteiro. Até eu não resisto e acabo comendo demais.   





Essa panela de barro tem história. Algum tempo atrás fomos fazer uma viagem. Saímos sem destino, costeando o mar.  Passamos por Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e quando chegamos em Espírito Santo. Me apaixonei pelas panelas de barro. Imagina comprei tudo que pude carregar. Voltei numa felicidade com minhas panelas. Alfredo vinha que nem cavalo quando solta a rédea, vinha amil pra casa. Quando vimos tinha na BR 101 um quebra mola. Imaginem! A caminhonete saltou aquela barreira. Foi um pandemônio. Era coisas em cima de nós. E minhas panelas? Meu Jesus! Quebrou minhas panelas. Mas não foi só eu quem ficou no prejuízo, também quebraram as molas da caminhonete. Mas não coloquei fora, deixei  no jardim para nos lembrar da viagem.

Muitos de vocês devem conhecer Arroz Carreteiro, é muito fácil de fazer. Esse prato é muito apreciado aqui no Rio grande do Sul. 
Ingredientes

1/2 de carne; sempre compro peito ou agulha sem osso. É uma carne de segunda e tem um gosto muito bom. Tem que ter gordura para ficar bom.
sal a gosto;
1/2 cebola;
1/2  tomate;
1 lasca de pimentão;
01 pimenta sem semente;
tempero verde;
01 xícara de arroz;
03 xícaras de água;

Modo de fazer
Cortar a carne em cubo, e colocar  cebola, tomate e pimentão. Deixe cozinhar até secar a aguá e dar uma queimadinha. Prove a carne se estiver macia coloque o arroz e a água, deixe ferve e abaixe  o fogo.










Até a próxima se Deus quiser...

 Anajá Schmitz