Este é o nosso lenhador, meu filho Jean. Com as chuvas e ventos caiu uma árvore na estrada, impedindo nossa passagem. Eles cortaram toras para o fogo. Agora temos lenha para uns dois meses. Alfredo enche a lareira de lenha. Quase tapa a boca. Acho estranho essa mania mas como ele é um rapaz da cidade não conhece o sistema do homem do campo. Poupar até lenha. Essas árvores nascem em qualquer lugar e seu crescimento é muito rápido e suas raízes não tem profundidade por isso elas caem facilmente.
Compartilho com vocês esta linda poesia. MADRUGADA de Aparício Silva Rillo, este foi um grande poeta gaúcho. Nascido na capital Porto Alegre, escolheu uma cidade do interior, São Borja, para viver e colocar em prática suas narrativas, usando o ficcional em suas obras, fatores de ordem histórico-sociais e econômicos, seus temas também eram alicerçados nesses fatores. Um poeta dono de uma inteligência e sensibilidade privilegiada que norteou suas obras e nos encanta até os dias de hoje...
No poncho morno das cinzas
dorme o fogo de galpão. Ao escasso calor de seus carvões a cuscada se entrevera com os peões partilhando uma sobra de pelego. - Vai pro diabo excomungado! Enquanto o guaipeca, atarantado, se amoita pra outro lado fazendo volta e meia, um peão vai bombear se já clareia a barra vermelha da saia do céu. - Tá na hora, pessoal! Lava a cara na gamela de água fria, seca as mãos ao comprido da melena. Põe erva no porongo, aviva o fogo, cutuca forte um índio dorminhoco: Levanta, cara de louco! E enquanto chia a cambona coberta de picumã, emponchada no brilho da alvorada, boleia a perna dona Madrugada para abrir a cancela da manhã... |
Musica Milonga da Coragem interpretado por João de Almeida Neto. Uma canção que emociona os que nasceram no campo.
Levando o vento no peito pelo pampa onde andei
Alargando os horizontes que eu mesmo redesenhei
E os mapas que risquei a lança e ponta de adaga
Estão nas folhas dos livros que a memória não apaga
Alargando os horizontes que eu mesmo redesenhei
E os mapas que risquei a lança e ponta de adaga
Estão nas folhas dos livros que a memória não apaga
(Um dia deixei o campo porque o campo me deixou
No pasto perdi o rastro que o vento norte apagou
Morador dos corredores deixei prá trás horizontes
Herdei a fome das vilas e a quincha nua das fontes)
No pasto perdi o rastro que o vento norte apagou
Morador dos corredores deixei prá trás horizontes
Herdei a fome das vilas e a quincha nua das fontes)
Um dia volto à querência para cortar sesmarias
E o novo canto da terra cantarei nas pulperias
Desgarrados, bóia-frias encontrarão nova trilha
E os direitos sonegados virão a sobre partilha
E o novo canto da terra cantarei nas pulperias
Desgarrados, bóia-frias encontrarão nova trilha
E os direitos sonegados virão a sobre partilha
Um dia deixei o campo porque o campo me deixou
Tenha um ótimo fim de semama ...
Anajá Schmitz