O entardecer me deixa nostálgica. Quando se encerra o dia parece que alguma coisa se perdeu e vem o pensamento dos tempo passado em Solidão. Sinto o cheiro da terra e ouço o mugidos das vacas no mato. E tudo acontece no entardecer. Uma vez me pai matou uma vaca, pois elas eram criadas para nos alimentar com leite e carne. Ele carneou no campo perto de um mato. Mas limpou tudo e ficou um resto de sangue no chão que eles colocaram terra por cima. Ao entardecer o gado veio para perto de onde tinha sido carneada a vaca e começaram a cavar e a berrar em lamento. Foi uma cena muito triste de ver. Depois daquilo meu pai levava para um matador que tinha por lá. Meu pai era um grande homem, tinha muita sensibilidade e grande respeito pelos animais.
Quando nos conhecemos, eu e Alfredo, ele colocava uma fita cassete no fusquita e me levava para passear pelas ruas de Porto Alegre ouvindo as músicas da Califórnia da Canção Nativa. Parávamos para ver o por do sol no Guaíba em Ipanema. E quando saiamos do carro ele declamava essa linda poesia para mim. O Bochincho.Bochincho
Jayme Caetano Braun
A um bochincho - certa feita,
Fui chegando - de curioso,
Que o vicio - é que nem sarnoso,
nunca pára - nem se ajeita.
Baile de gente direita
Vi, de pronto, que não era,
Na noite de primavera
Gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango
Que nem pinto por quirela.
Atei meu zaino - longito,
Num galho de guamirim,
Desde guri fui assim,
Não brinco nem facilito.
Em bruxas não acredito
'Pero - que las, las hay',
Sou da costa do Uruguai,
Meu velho pago querido
E por andar desprevenido
Há tanto guri sem pai.
http://letras.mus.br/jayme-caetano-braun/570674/
Neste vídeo, esta poesia é declamada pr Jaime Caetano Braun.
Até a próxima se Deus quiser...
Anajá Schmitz