Um recuerdo dominical....

Nasci e cresci na Solidão. Aos finais de semana, Minga, meu amado pai madrugador, acordava sempre muito cedo, nem aos domingo ele dormia um pouco mais. Ao levantar a primeira ação era ligar o rádio no volume máximo. Era batata, (como ele sempre dizia para confirmar um fato) nós acordávamos ouvindo a música Destino de Peão. Essa musica nos perseguia nas manhãs de domingo. Esses sons ainda são muito nítidos em minha mente. O som da musica juntamente com o chiar da lenha verde a queimar no fogo. E o som mais saudoso, uma tosse intermitente, que não cessava até sorver o primeiro mate amargo. Essa lembrança me embarga de emoção e me faz voltar ao tempo.

             Destino de peão
                             Noel Guarani
Hoje é domingo e encilhei meu estradeiro
já botei água de cheiro, não me falta quase nada
saio ao tranquito no meu traginho sem luxo
pois assim faz um gaúcho que vai ver sua namorada.

Trabalhei o mês inteiro, encilhei muito aporreado
consertei todo o alambrado lá da invernada do fundo
sentia fundo a sinfonia dos bichos
para aumentar o cambicho com a flor mais linda do mundo
sentia fundo a sinfonia dos bichos
para aumentar o cambicho com a flor mais linda do mundo.

Queria tanto dar um presente pra prenda
ponta de gado, fazenda, um montão de coisas mais
dizer palavras que sei e penso em segredo
e que só em pensar tenho medo e por isso não sou capaz.

Eu até estive pensando em construir um ranchinho
nem que seja pequenininho, já dormi muito em galpão
se ela quisesse, que coisa linda seria
à deus agradeceria o meu destino de peão
se ela quisesse, que coisa linda seria
à Deus agradeceria o meu destino de peão.

Noel Guarany, descendente de italianos e índios guaranis,  nasceu em 26 de dezembro de 1941, na Bossoroca,  um distrito de São Luiz Gonzaga, Rio Grande do Sul. Aprendeu, de maneira autodidata, o idioma guarani, compor, tocar e cantar. Se tornou um cantor referencia da música gaucha. Na época da ditadura militar, foi perseguido em alguns shows devido a suas convicções democráticas e libertárias. Já quase no final de sua carreira em 1982 doente, começou a afastar-se dos palcos, e acabou redigindo uma carta aberta à imprensa, na qual reclamava do tratamento recebido pela gravadora. Em 1985 retira-se definitivamente dos palcos, em cumprimento ao prometido na carta de 1983. Mas sem antes lançar um novo trabalho A volta do missioneiro. O grande gaúcho, cada vez mais debilitado por uma doença degenerativa no cérebro, permaneceu recolhido em seu sítio em Santa Maria. Morreu no dia 6 de outubro de 1998.

Assim é a vida de um gaúcho, gosta de um espaço que lembre um galpão.

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http://www.vagalume.com.br/luiz-marenco/destino-de-peao.html#ixzz2QG5ImSNA
http://pt.wikipedia.org/wiki/Noel_Guarany

Tenha um ótimo dia.

 Anajá Schmitz