sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Memórias de um doble chapa XVI



Eu era apaixonado pela professora do 4º ano, cabelo vermelho e sardenta que nem eu, era uma poetiza e quase todos os dias declamava uma poesia para nós. Eu adorava ver ela declamar poesias. O único nome de maestra que nunca esqueci: Renê Guadalupe. Mas se no colégio as coisas eram difíceis para um brasileiro em casa era muito pior. Minha tia e madrinha era de um gênio terrível e me batia muito por qualquer coisa, sem contar as broncas. Sei lá, eles só tinham duas filhas mulheres e talvez tivessem se arrependido de trazer um garoto, mas, ela era assim também com a filha solteira que era meia excepcional. Nós apanhávamos como porcos na roça. Mas valeu a experiência. Aprendi a lidar com fogão, limpar banheiro, limpar a casa, e ai de mim se ficasse um pó na madeira abaixo de um móvel, ela passava o dedo e esfregava nas minhas fuças. Arrumei um emprego em um armazém. Trabalhava de manhã entregando leite de porta em porta em garrafas num carro de tábua com rodas de ferro, após atendia no balcão. Às 13:00 Horas ia para o colégio, saia às 17:00 e voltava para o armazém onde saia 9 ou 10 da noite. Sábado eu não tinha aula de tarde e eu ia trabalhar de graça para não ficar em casa ouvindo sempre bronca. Eu já andava sem norte, faltando aula para ir ao cinema, até que pedi para voltar ao Brasil.



Na próxima sexta-feira, segue mais recordações de um doble chapa.


                                                             Escrito por Nelcy Cordeiro



7 comentários:

  1. Recordar momentos peculiares es volver a vivirlos. Siempre interesantes memorias
    Un abrazo grande Anajà y feliz fin de semana en tu bello lugar

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  2. Aixi,la profesora pelirroja y además poetisa,que recuerdos dejó!
    Y la tía,era muy gruñona por lo que se ve!
    Pero aprendió a hacer las tareas de la casa!
    Buen finde y besos de las dos

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  3. Curiosamente nao sinto magoa nas suas palavras, ate um certo apego, nao pelos "castigos" mas pelo modo que acha que foi crecendo para a vida.
    Nao guardar rancor, tem algo de virtude. Adoro estes registos, duros por vezes, leves por outras tantas.
    Abraco a todos!!!

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  4. Muito belo aquilo que expões.
    Uma casa é a continuidade de um mesmo, exibe aquilo que se sente, é o reflexo das nossas ilusões, a realização e confirmação dos nossos projectos.
    Lindo aquilo que sentes, querida amiga. Sinto-me orgulhoso.
    Abraços de vida

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  5. As 1.ªs professoras são um dos marcos importantes nas nossas vidas, logo devemos mantê-las vivas, nem que seja através de blogues.
    Com sua licença, adorei a expressão "apanhávamos como porcos na roça".
    Beijos e resto de bom domingo.

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Obrigada pela carinhosa visita. Tenha um ótimo dia.